Marias

Hoje enquanto as preparava para o colégio fui brindada com uma das cenas mais ternas de sempre... como venho dando conta, elas cada vez brincam mais uma com a outra e cada vez mais essa interacção nos proporciona valentes gargalhadas e algumas lagrimitas de emoção desta mãe (eu bem tenho dito que as hormonas nunca mais estabilizaram...). Estava eu a vestir a MF quando a MB começa a abanar insistentemente com a cabeça assim que me ouve dizer um não, face a isto a MF começa a gargalhar e a olhar muito atenta para a mana, como que a pedir mais. Bastou um olhar cúmplice (ai, como vibro quando elas se olham assim...) e a MB voltou a fazer a gracinha, sempre de olhos postos na irmã e a sorrir também com as gargalhadas fartas da MF. Não há maneira melhor de se começar o dia. É inacreditável como "falam" uma com a outra, a forma como volta e meia  e sem mais, sorriem e lançam olhares curiosos e de extrema cumplicidade. Eu disse que é inacreditável, mas na verdade o pediatra já nos tinha preparado para esta fase tão enriquecedora e fantástica, para as peripécias que se avizinhavam e que são tão típicas nos gémeos... Espero, sinceramente, que esta cumplicidade nunca se perca e sei que para isso acontecer o nosso desempenho será fulcral. Espero, por isso, conseguir fomentar uma relação de verdadeira parceria entre ambas, sem no entanto, esquecer as suas individualidades. Preocupam-me muito as (inevitáveis) comparações e luto constantemente contra isso. Queremos ver e deslindar as necessidades, aptidões e feitios tão diversos que têm e descrevê-los (individualmente) atendendo às pessoas distintas que são, dando sempre muita relevância ao facto de não pertencerem a um "grupo", de haver muito mais para lá da singular circunstância de serem gémeas. Saberei que fui bem sucedida se daqui a 10/20 anos as vir entreolharem-se da mesma forma e a gargalhar uma com a outra com o mesmo entusiasmo...