quinta-feira, 13 de março de 2014

Perguntam-me muitas vezes, muitas mesmo, como consigo estar longe das minhas filhas... como aguento. A pergunta, vem na grande parte das vezes sem maldade, e na maioria dos casos de outras mães que, como eu em tempos, acham impossível sobreviver a uma separação geográfica dos filhos. 
Não participar de forma física nas suas rotinas, não poder dar aquele beijinho de boa noite, não ver a cara de contentamento quando aparecemos para os ir buscar à escola e por aí adiante...
Como todos sabem ou podem supor é das (senão mesmo a) tarefa mais difícil de sempre...  Se podia tê-las trazido comigo? se calhar podia, se era o melhor para elas? acho que não... digo acho porque duvido desta decisão todos os dias... será menos acertada por isso? ou é este sentimento constante de culpa que me leva sempre a duvidar da nossa decisão?! Não sei... sei apenas que dói ser a mãe que as vai levar e buscar ocasionalmente, quando o trabalho permite que venha mais tarde, que chegue mais cedo... que não está nas reuniões com a educadora, porque ocorrem a meio da semana, altura em que nunca estou em casa (fisicamente em casa, porque por muito lamechas que seja, eu estou sempre lá, ou pelo menos tento...), que nem sempre está para lhes dar um abraço quando adoecem, o colo que primeiro as acolheu e que lhes é tão familiar...
Sempre que me fazem esta pergunta o meu coração pára, a cabeça começa a disparar uma série de imagens e procura construir frases que consigam, de forma o menos sentimental possível, transmitir o que vai cá dentro... Não quero cá penas, não preciso propriamente de compreensão... não de toda a gente que me interroga sobre o assunto... quero apenas explicar que apesar da (inevitável) dor inerente é possível. É possível estar longe e ainda assim estar-se perto, ser-se presente...
Não sei se por causa da relação que desde sempre procurei construir com elas ou se por outro motivo qualquer (talvez divino? chamam-lhe sorte...) continuo a sentir-me muito próxima delas, continuo a sentir que elas me sentem e me têm o apego que nunca quis que se perdesse no meio deste cá e lá. Continuo a sentir que este amor é inabalável, que não há (ou não deveriam haver) culpas, apenas muito amor, saudades gigantes de as olhar nos olhos todos os dias, de as cheirar e apertar, e que elas têm o melhor pai de sempre.
Sinto, por isso, que não é a distância que algum dia nos separará... 
E é isto. É só isto.

1 comentário:

  1. Não te sintas culpada! Só nós sabemos avaliar as situações e sabemos o que é melhor para a nossa família. beijinhos

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